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No Planalto, Macri diz que Maduro é ‘ditador’ que quer se perpetuar no poder com ‘eleições fictícias’

Em visita ao presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou nesta quarta-feira (16) que os governos brasileiro e argentino não aceitam o que ele classificou de “escárnio com a democracia” que, supostamente, foi a eleição que reelegeu Nicolás Maduro na Venezuela. Ele disse que a comunidade internacional já percebeu que o líder venezuelano é um “ditador que quer se perpetuar no poder com eleições fictícias”.

Mauricio Macri desembarcou em Brasília na manhã desta quarta-feira, acompanhado de uma comitiva de ministros de Estado argentinos, para a primeira visita oficial ao país após a posse de Bolsonaro no comando do Planalto. O argentino não compareceu à cerimônia de posse realizada em 1º de janeiro.

Após uma audiência privada, Bolsonaro e Macri fizeram um pronunciamento conjunto em um dos salões do Palácio do Planalto. Ao falar, Macri disse que Brasil e Argentina compartilham uma preocupação com a crise política e econômica da Venezuela.

Na semana passada, Maduro assumiu o segundo mandato como presidente do país sul-americano diante da reprovação de parte da comunidade internacional.

O grupo de Lima, que inclui o Brasil e outros 12 países, anunciou no início do mês que não reconheceria o novo mandato de Maduro por considerar que se trata de resultado de eleições ilegítimas.

O argentino afirmou ainda que os dois principais países da América do Sul reconhecem apenas a Assembleia Nacional da Venezuela – parlamento comandado pela oposição ao regime bolivariano – como única instituição legítima do país vizinho, “eleita democraticamente pelo povo venezuelano”.

“Compartilhamos a preocupação pelos venezuelanos. Reafirmamos nossa condenação à ditadura de Nicolás Maduro. Não aceitamos esse escárnio com a democracia, e menos ainda a tentativa de vitimização de quem na verdade é o algoz”, discursou Macri em um pronunciamento conjunto com Bolsonaro no Palácio do Planalto.

“A comunidade internacional já se deu conta. Maduro é um ditador que tenta se perpetuar no poder com eleições fictícias, prendendo opositores e levando os venezuelanos a uma situação desesperadora e angustiante”, complementou o presidente argentino.

Bolsonaro foi o primeiro a fazer pronunciamento no Palácio do Planalto ao final da audiência bilateral com o presidente argentino. Ao se manifestar, o novo chefe de Estado brasileiro também falou sobre a crise na Venezuela.

“Nossa cooperação na questão da Venezuela é o exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo certo: o rumo da democracia, da liberdade e segurança e do desenvolvimento”, declarou Bolsonaro.

Ele afirmou, sob os olhares de Macri, que o Brasil será um “firme aliado” na construção de uma região “mais integrada” e citou o combate ao crime organizado.

União Europeia

Em meio ao pronunciamento, Mauricio Macri também defendeu o fortalecimento do Mercosul, presidido de forma temporária pelo próprio presidente argentino.

Antes de o argentino falar, o presidente do Brasil também destacou que quer aperfeiçoar o Mercosul e fortalecer a relação com a Argentina.

Macri chamou a atenção da importância de concluir as negociações de um acordo comercial com a União Europeia, em curso há duas décadas.

Em um recado ao colega brasileiro, ele ponderou que as negociações com o bloco europeu demandaram “muito esforço” e que a chegada de Bolsonaro traz a oportunidade de “renovar o compromisso político do Mercosul” de avançar no acordo que, segundo ele, beneficiará os dois blocos.

“Estou convencido de que o comércio é um instrumento que impulsiona o crescimento, por isso, é fundamental agilizar, acordamos, a importância de terminar as negociações externas em curso”, observou Macri ao lado de Bolsonaro, que sinalizou nos últimos meses que pretende priorizar uma política externa que valorize mais acordos bilaterais.

Bolsonaro, contudo, não citou nominalmente o acordo com a União Europeia em seu pronunciamento, apesar de ter defendido genericamente a conclusão de “negociações promissoras” para o Mercosul. O presidente brasileiro se limitou a dizer que é preciso iniciar novas negociações e criar “oportunidades de comércio e investimentos”.

“Na frente externa, concordamos que é preciso concluir rapidamente as negociações promissoras e iniciarmos novas negociações com criatividade e flexibilidade para recuperarmos o tempo perdido.”

Ao final dos compromissos de trabalho no Planalto, o presidente brasileiro ofereceu um almoço ao colega argentino no Palácio do Itamaraty, sede da chancelaria.

Antes do almoço, Macri voltou a discursar. Ele criticou a condução da política externa de Brasil e Argentina nas últimas décadas e atribuiu a um antiliberalismo o que chamou de atraso dos países em relação às outras nações da América do Sul.

“De maneira equivocada, nós acreditamos há algumas décadas que nos fechando nós protegíamos o crescimento, mas percebemos que isso não funcionou”, ponderou o presidente argentino.

“Aconteceu exatamente o contrário. Os nossos países chegaram atrasados a respeito de outros países da região e sem falar de outras regiões do mundo”, enfatizou.

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