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Em meio a protestos, Rohani, presidente do Irã, pede unidade

Ele também afirmou que as Forças Armadas precisam pedir desculpas pela queda do avião ucraniano em Teerã e que ‘expliquem ao povo o que aconteceu’.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, lançou um apelo por unidade nacional nesta quarta-feira (15) e por uma mudança radical na forma de governo do país, após a queda de um avião de passageiros ucraniano em 8 de janeiro , que deixou 176 mortos. A maioria das vitimas é de origem iraniana e canadense.

Ele também afirmou que as Forças Armadas precisam pedir desculpas pela tragédia e que “expliquem ao povo o que aconteceu” para que as pessoas entendam que “não querem esconder nada”.

Em um primeiro momento, as autoridades iranianas não reconheceram sua responsabilidade no episódio, o que provocou manifestações contra o Executivo e uma onda de indignação desde sábado (11).

Após dois dias de desmentidos oficiais, as Forças Armadas iranianas reconheceram, no sábado, terem derrubado por erro o Boeing 737 da Ukraine International Airlines, poucos minutos depois de sua decolagem de Teerã.

Referindo-se a uma série de acontecimentos “trágicos” ocorridos desde o início de janeiro no país – do assassinato do general Quassem Soleimani, por parte de Washington, à catástrofe “inaceitável” do voo da Ukrainian Airlines -, Rohani declarou que esse quadro deve levar a uma grande decisão dentro do sistema político iraniano.

“E esta decisão importante” – frisou – “é a reconciliação nacional”.

Previstas para 21 de fevereiro, as eleições legislativas “devem ser a primeira etapa”, declarou o presidente, em um discurso feito depois de um conselho de ministros e transmitido, de forma excepcional, ao vivo pela televisão pública. “O povo quer diversidade”, acrescentou Rohani, ainda falando sobre as eleições.

Segundo ele, “as pessoas querem a garantia de que as autoridades as tratam com sinceridade, integridade e confiança”.

“Peço às Forças Armadas e a seu Estado-Maior que expliquem às pessoas o que aconteceu desde o acidente até que se anunciou” a verdade, para que “entendam que não queriam esconder nada”, acrescentou. O governo alega que foi informado do ocorrido apenas na sexta-feira (10).

Ucrânia e Canadá se envolvem em apuração

A Ucrânia pediu ao Irã que lhe entregue as caixas-pretas do avião derrubado, de acordo com anúncio feito por Kiev nesta quarta (15).

Conforme a Procuradoria ucraniana, o governo “faz todo o possível para garantir a descriptografia das gravações de voo e preservar as provas na investigação sobre a catástrofe”.

Nesse sentido, a Procuradoria e o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) enviaram um pedido oficial às autoridades iranianas, completou a Procuradoria.

Kiev informou ainda que uma autoridade iraniana de alto escalão irá à Ucrânia nos próximos dias “para determinar o laboratório” encarregado de analisar as caixas-pretas.

Os especialistas canadenses que chegaram na segunda-feira (13) a Teerã também terão acesso às caixas-pretas do avião, disse uma autoridade canadense.

Sem novo acordo com os EUA

Rohani desconsiderou a possibilidade de um acordo com Donald Trump para solucionar a disputa em torno do programa nuclear iraniano durante o discurso.

O líder do país persa disse que a oferta americana é estranha e criticou o americano por não cumprir promessas.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que elogiou Trump como um grande negociador, pediu na terça-feira (14) para que o presidente dos EUA substitua o acordo nuclear de 2015 com um novo pacto para garantir que Teerã não consiga uma arma nuclear. Trump disse concordar com Johnson.

Em um discurso televisionado, Rohani disse à Washington para voltar ao acordo nuclear, que os americanos assinaram em 2015 e abandonaram em 2018.

 A lógica do acordo é a seguinte: grandes economias iriam parar de aplicar sanções econômicas ao Irã, que iria restringir seu programa nuclear.

Em 2018, Trump saiu do acordo e colocou novas sanções ao Irã, que tiveram efeito na economia do país.

Teerã afirma que quer manter o acordo, mas que não pode fazer isso sem prazo se o Irã não receber os benefícios econômicos prometidos. O país vem gradualmente reduzindo seus comprometimentos, o que fez com que o Reino Unido, França e Alemanha acusassem o Irã formalmente por violar os termos.

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